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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
10:54 3

Leitura de férias: "A história do amor"



Não, esta gatíssima aqui do lado não sou eu! É a minha irmãzinha Mônica Nóbrega, que agora será minha parceira de blog fazendo posts sobre literatura.

Se fiz esse blog com a esperança de um dia comer de graça em vários restaurantes, Mônica sonha com o dia que as editoras mandarão livros pra ela. A danadinha compra e lê uma penca de livros por mês, e chegou a hora das livrarias e editoras darem um retorno.

Como temos o gosto muito parecido para tudo, confio demais nas suas sugestões de livro. Chegou então a hora de compartilhá-la! Eis o seu primeiro post:


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Sempre tive uma relação muito sentimental com a literatura, o que define bastante a maneira como procuro livros para ler. O que tento fazer é buscar algo que combine com o sentimento que estou tendo, e assim possa meio que fazer uma catarse através do livro do meu momento presente. Parece meio doido, mas não é tanto.

Isso me leva a crer (nada muito extraordinário, meio senso comum) que gostar de um livro é muito do que cada pessoa está passando. Quem já não leu uma obra ou até viu um filme que achou péssimo e, depois, em determinado momento da vida, desfez a impressão inicial? Acho que todos vamos concordar nesse ponto.

Feito essa introduçãozinha - talvez um pouco estranha, mas já já vai fazer sentido -, neste mês tipicamente de férias, minha sugestão de livro é para você que, depois de ter feito muito coisa estressante no ano passado, quer ficar lendo em casa um livro agradável, mas não algo bobo; um que te acompanhe nesses momentos ociosos, em que ficar na cama é simplesmente uma necessidade.

A obra que irá inaugurar a parte literária do blog da minha irmã Maribs se chama “A história do amor” de Nicole Krauss, lançado em 2006. O título é um pouco brega, sejamos sinceros, e leva a um estranhamento logo de início (sério que você vai indicar esse livro? Vixe, com certeza vai ser um daqueles chicklits horríveis).

Caros leitores (já me sinto íntima e acho que tenho leitores), não se assustem com o título, não é um chicklit (que analisando bem é um nomenclatura muito da machista, só por ser de mulher tem que ser pejorativo? “Livro bom é livro de homem” é isso mesmo?), longe disso, é um livro muito bem estruturado e com uma história que, garanto, depois das primeiras páginas, vai te segurar pra querer ir até o fim.

Eu topei com esse livro pesquisando sobre obras que falassem sobre amor, após ter ficado extremamente insatisfeita com as sugestões que encontrava. No geral, acabei me deparando com histórias altamente superficiais que sempre me faziam largar a leitura. Sinceramente, existe coisa mais difícil na literatura atual do que encontrar livros realmente bons no qual o amor seja parte central da trama? Apesar de ser um livro sobre amor, devo alertar, não é um livro romântico. Assim, até pode ser de uma maneira bem melancólica, mas se o seu propósito é um livro “boy meets girl” ou “girl meets boy”, esta não é a leitura recomendada; apesar de achar que qualquer pessoa com uma sensibilidade mínima vai adorar o livro.

Sem mais delongas, a narrativa começa apresentando Leo Gursky, um imigrante polonês nos Estados Unidos fugido do nazismo, que viveu uma história de amor que repercutiu em toda sua vida. Na sua juventude foi um aspirante a escritor, mas, em razão das circunstâncias da vida, acabou como um chaveiro em Nova York. Nos capítulos seguintes são introduzidas duas novas personagens principais: Alma e Litvinoff. Alma é uma adolescente que tenta lidar com as questões de sua idade, como também com a ausência de seu falecido pai. E Litvinoff, um não muito conhecido escritor polonês que, para fugir do nazismo, acabou imigrando para o Chile.

A conexão entre as histórias das personagens é feita em torno do livro “A história do amor”, mostrando o poder que a literatura exerce em escritores e leitores. Cada capítulo é dedicado a uma personagem. Essa estrutura funciona bastante, porque faz com que você compreenda e se familiarize com cada um deles, tendo também, ao longo da história, transcrições de trechos do livro que, ao avançar na narrativa, vai mostrar a real ligação entre todos. O livro já tinha me ganhado poucas páginas após o início, mas foram nessas transcrições que ele realmente me arrebatou. A autora expõe o amor de uma forma tão delicada que cheguei a ficar arrepiada lendo.

O que mais me chamou atenção antes de iniciar a leitura foi o fato de ser um livro que busca mostrar a importância de um livro e da escrita. Não é uma mera metalinguagem “um livro sobre um livro”; é uma obra sobre a força da escrita e o seu poder de transformação na vida das pessoas, fato que a autora já deixa bem claro nos agradecimentos “Para os meus avós que me ensinaram o contrário de desaparecer...”. Eu gosto bastante dessa temática, acho que, para quem gosta de livros, é sempre um fascínio ler sobre um fato que também exerce grande fluência sobre sua vida: a literatura.

Além de ser muito bem construído, o capítulo de cada personagem tem um estilo de escrita bem distinto do outro (e todos bem atraentes), fazendo com que a personalidade de cada um fique mais evidente. Esse é mais um “truque” que aproxima o leitor da personagem, a voz dela ganha um ritmo próprio na sua cabeça.

Esse é um daqueles livros que ao terminar de ler a pessoa faz uma grande reflexão sobre a vida e sobre a humanidade, as pessoas ganham uma nova cor para você, pois por trás de cada rosto que passa na rua, com certeza, há alguma grande história que tem o único defeito de ainda não ter sido escrita.

PS: Pra quem ainda está resistente por conta do título é bom comentar que Nicole Krauss apareceu na edição da Granta 97 de melhores autores jovens contemporâneos norte-americanos.

PS2: Assim que terminei de ler o livro fui ver se alguém tinha comprado os direitos para fazer um filme e, para minha surpresa (ou não, né? hoje em dia não é muito fácil encontrar filmes com roteiros originais), li que o Alfonso Cuáron foi o comprador. Ignorando a passagem dele pela série Harry Potter, “A Princesinha” e “E sua mãe também” são filmes bem bacanas que podem nos dar esperança para uma boa adaptação.

3 comentários:

  1. Eeeeee Mari, fiquei tão feliz em saber que vai ter indicações de livros no blog...Não conheço sua irmã, mas já que vcs tem gosto parecidos como foi informado no post, aceitarei as dicas pois gosto das coisas que vc gosta! rs
    Adoro livros, meu sonho é poder ter um bom salário para comprar todos que quero, pois a esperança de escrever um blog e ganhar livros das editoras não existe dentro de mim... rs
    Enfim, manda um xêro pra sua irmã, já me tornei leitora dela!!! rs

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  2. Ímpar e pontual. Se existe uma ótima orelha que convença alguém a ler este livro, confesso que é essa. Parabéns Mônica e Mariana, sinto que coisas melhores estão por acontecer.

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  3. Meninas, topei com o blog e achei super bacana! Mônica, vou procurar a recomendação! estava com vontade de ler coisas novas, escritores novos. Deverá ser um bom começo! Parabéns pelo blog!

    Gil

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