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quarta-feira, 28 de maio de 2014
13:49 1

Eu acho que pirei (meus pés saíram do chão) - Irracionalidades da paixão não correspondida


Quem nunca viveu ou presenciou uma paixão desmiolada e não correspondida? Pessoas fortes, decididas, sábias, extrovertidas, sensatas, destroem suas reputações, perdem o bom senso, o amor próprio, a sanidade, e são iludidas com demonstrações de afeto das mais enganosas.

No futuro, quando caem em si, ficam amargas, difundindo por aí mensagens de pessimismo, cheias de rancor. E aí são dias e mais dias ouvindo canções com letras que traduzem a sua angústia.

Se está sofrendo e não tem amor próprio: Adele e Janis Joplin; se perdeu a confiança no amor: "Love Hurts", do Nazareth e "Hole in my soul", do Aerosmith; se transformou a paixão em ódio e revolta: "You Oughta Know", de Alanis Morissette; se aprecia uma dor de cotovelo mais indie e alternativa: The Smiths.

Se não entende bem o que está acontecendo, a frustração adquire inúmeras nuances e você escuta tudo isso mesmo. Pra completar, e deixar parentes e amigos/as constrangidos, ainda faz questão de compartilhar essas músicas dolorosas na Internet, expondo sua fragilidade para a geral.

Quem nunca? 

Faz parte da vida. É isso que dá sabedoria às pessoas mais velhas. Todavia, tem quem não aprenda, nunquinha. E a gente tem que presenciar amigos e amigas incorrendo no erro, rumo ao fundo do poço.

Com minhas experiências vividas e presenciadas, e também com o convívio com gente malvada destruidora de corações, resolvi elaborar um conjunto de reflexões acerca de determinados comportamentos, dando uns toques sobre a falta de interesse daquela pessoa nova, que aparentemente pode estar lhe dando bola, mas que você, encantado/a, não percebe que está brincando com seus sentimentos mais puros. Não são regras de jeito nenhum. Até porque gente contraditória e complicada sempre vai atuar por aí confundindo a nossa cabeça.

Feita a ressalva pra quem é de Libra e não gosta de generalizações, eis algumas situações que a gente costuma interpretar de forma irracional quando se está imbuído/a de paixão e que valem a pena refletir:

Irracionalidade 1 

"Ele/a não está preparado para um relacionamento agora. Está com medo de amar, pois já passou por situações complicadas". 

Convoco todas as pessoas que já se apaixonaram de verdade neste mundo! Em que momento da vida uma pessoa apaixonada - ou seja, temporariamente louca e fora de si - percebe que o objeto da sua paixão lhe corresponde e de repente decide que não quer ficar com ela porque "tem medo de amar"? Acontece nos filmes, mas não acontece na vida, né, gente?

Essa só pode ser a desculpa mais esfarrapada que existe. Diga-me que você é casado/a, que é viciado em crack, que o par pretendido é seu parente de primeiro grau, que eu digo que essa é uma desculpa plausível para uma pessoa incendiada de paixão lhe dispensar. Só problemas verdadeiramente sérios freiam uma pessoa louca apaixonada.

Meses depois e, tchanram, ele/a aparece com um/a namorado/a. Hum!

Irracionalidade 2 

Você passa fins de semana inteiros assistindo How I Met Your Mother e com o status online no Facebook, mas o/a fulano/a só lhe liga chamando pra sair num momento totalmente inconveniente, que ele/a sabe que você não tem como ir. Você mora perto da praia e a pessoinha lhe chama pra ir numa festa lá no centro que já começou. São duas horas da manhã, você não tem carro (a pessoinha sabe disso), e ela não se propõe a lhe buscar, a lhe arranjar uma carona, nem a ajudar no táxi caríssimo.

Aí você, com muito aperto no coração, recusa a oferta e propõe sair outro dia - eu estou levando em conta que você não pirou de vez e foi para a tal da festa de ônibus, essa hora da madrugada, num lugar do outro lado da cidade. 

Depois desse momento, espera-se a tal saída, mas esse dia nunca chega. Você fica aguardando por séculos algum convite, ou, sempre que você faz um recebe desculpas das mais variadas. Porém, como boa pessoa apaixonada iludida que é, você guarda com o maior carinho aquele momento do convite inconveniente, e se agarra nele para convencer a si mesmo/a que talvez o/a fulana lhe reserve algum lugar especial, pois até tem vontade de lhe ver de vez em quando!

Sabe-se que isso tudo é uma estratégia de manter a sua chama da paixão acesa, pra que ele/a ganhe tempo escolhendo alguém melhor pra ficar. Caso isso não ocorra, "vai tu mermo". E você, sabendo disso, no fundo, pode até não achar má ideia.

Irracionalidade 3

Faz parte da vida você se relacionar mais sério com uma pessoa e de vez em quando estar de mau humor, sem vontade de conversar, fazendo comentários ferinos. Porque a rotina no convívio humano às vezes vira uma selvageria mesmo. Porém, repense essa futura (im)possível relação se a pessoa age babaquisticamente quando vocês estão apenas se conhecendo.

Você mal conhece o/a fulano/a, e a peste curte lhe tratar mal de vez em quando, proferindo uma série de "brincadeiras" chatas ou de críticas constantes disfarçadas de "brincadeira". Ou, ainda, é daquelas pessoas de comportamento inconstante, que uma hora está super doce e agradável, e de repente fecha a cara, fica séria do nada, e começa a lhe dar foras. Hein?

Você, como pessoa compreensiva que é, tenta justificar internamente a atitude babaca pra fingir que não está percebendo que na verdade, às vezes, sua companhia dá enjoos. Isso mesmo, aquele mesmíssimo sentimento que você nutriu por aquela figura grudenta e apaixonada, que hoje você respira com alívio por ter se livrado. Lembra quando estava tudo correndo bem, até que o/a grude cometeu um ato ou fez uma carinha assustadoramente fofa, que simplesmente lhe deixou sem armas para fugir daquela situação? O que você fez? Perdeu os modos e extravasou a sua vontade de fuga sendo um/a desagradável escroto/a. 

Então, analise bem se o comportamento imbecil tem a ver com se "estar muito cansado/a" ou "ter um dia difícil". Quem em sã consciência, no jogo da conquista, acaba correndo o risco de desagradar aquela pessoa que você nutre o maior carinho? Ainda mais quando os primeiros momentos são tão importantes.

Irracionalidade 4

O/A ilusionista sempre tem um agrado que ia lhe fazer que nunca foi possível se concretizar. Chega pra você e fala que iiiiia comprar uma camiseta que era a sua caraaaa, massss a loja só aceitava cartão de débito. Iiiiiiia lhe chamar pra ir no cinema, maasss achou que você deveria estar cansado/a e não ligou. Iiiiiiia lhe convidar pra aquela festaaa, mas os convites eram limitados, e em cima da hora alguém tomou a vaga - "nem foi tão boa assim". É um monte de boa vontade que nunca dá certo de se praticar.

Então, mais uma vez, você guarda no seu coração essa boa intenção, e pensa como deve ser especial por provocar todas essas quase atitudes, mesmo que no final NUNCA uma sequer tenha sido concretizada.

Irracionalidade 5

O/A fulano/a até que lhe chama pra sair, mas jamais pra vocês ficarem sozinhos/as. Um cineminha, um jantarzinho romântico, nunca deu certo. Vocês só saem de galera. Sempre com meia dúzia de amigos/as que dificultam que vocês aprofundem os laços e se conheçam melhor. Tudo estrategicamente planejado pra que ele/a não enjoe muito fácil da sua cara, nem fique tão rapidamente cansado/a. Pra sacanear mais forte, o seu par ainda tem alguns desaparecimentos repentinos, e lhe deixa sem companhia ou com o/a amigo/a de boa índole, que com muita dó vai tentar suprir a falta de consideração do/a parceiro/a. 


Quanta gente má, quanta gente cruel! Refletiu, acabou se identificando? Prepare-se para os lenços, os brigadeiros, as canções. Paixão escrota é uma desgraça. Depois que a gente se envolve, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. A boa notícia é que nada dura para sempre. E que fique de lição! 

quarta-feira, 21 de maio de 2014
08:05 3

Arbitrariedades

Depois que você viu que não deu pra fazer fama antes dos 25 anos, não fez sucesso no mundo artístico, esportivo, intelectual ou corporativo, ou sequer sabe ainda em qual desses mundos você gostaria estar, chega um dia que você tem que traçar um plano. Não dá mais para participar das Olimpíadas, e a chance de ser um Mark Zuckerberg, um Álvares de Azevedo, uma Spice Girl passou e você tem que se inspirar nas pessoas do mundo real que conquistam as coisas mais tarde mesmo.

Meu plano tardio: seguir carreira acadêmica.

Os primeiros passos foram dados, mas tem que ter perseverança pra não desistir diante dos primeiros percalços. Estou me referindo mais precisamente às críticas e resultados negativos que são inerentes a qualquer pessoa que se dispõe a meter a cara no mundo 

Minha trágica história: Fiz um artigo que achei bacanérrimo. Achei que era um dos melhores que tinha feito. Fazia parte de uma disciplina do mestrado, e acabei o aproveitando para tentar publicação em algum congresso legal ou numa revista bem qualificada. Mandei o danadinho do artigo pra ser avaliado num congresso. Depois de esperar uns meses pela aprovação, vi que ele não tava na lista dos aprovados para apresentação e publicação. Recebi uma nota mediana, acima da média - vale frisar -,  mas não foi suficiente para entrar dentro do número máximo de pessoas permitido por grupo de trabalho.

Eu tinha a impressão que todo mundo tinha artigo aprovado nessas paradas facilmente, então eu era a derrotada, a ignorante, que não tinha capacidade sequer para participar de um Congresso que aparentemente todo mundo conseguia aprovação. Incorporei logo o "Marrie, A Estranha", e pensei ser execrada pela sociedade, ovos sendo atirados, restos mortais de animais sendo jogados sobre a minha cabeça, e alguém com uma faixa bem grande dizendo: "Este lugar não é para você". 

Drama, drama, eu sei. Porém, onde estou querendo chegar?

Terminando o drama: Duvidei das minhas capacidades, pensei por uns instantes em voltar a estudar pra concurso e seguir uma carreira nada a ver. Até que tive uma lição de vida com um programa de TV - as lições de vida podem sair de pessoas e situações que você nunca imaginaria. Foi quando uma cantora bem arrasante começou a cantar lindamente no The Voice Brasil (ok, ha-ha), e ninguém virou a cadeira.

Como assim ninguém virou a cadeira para um talento que para mim era inquestionável? E as coisas começaram a ficar mais claras. Comecei a pensar em todas as vezes que vi gente talentosíssima em várias áreas da vida terem avaliações completamente injustas ou questionáveis. E percebi como muitas vezes a avaliação de terceiros em relação a um determinado talento, ideia ou personalidade pode ser completamente arbitrária.

Quando utilizados critérios subjetivos, a coisa é particularmente escandalosa. Soube que um dos professores mais fantásticos que tive na faculdade, em termos de conhecimento, carisma e didática, foi fazer um concurso para ser professor de um outro lugar e foi justamente reprovado no que achava ser o seu maior ponto forte, na prova de didática! Quem diabos iria imaginar que algum avaliador fosse reprová-lo justamente naquilo que eu e outros alunos achavam mais especial nesse professor? Que critérios a pessoa que o reprovou usou?  

Veja bem: eu mesma, nem acho os filmes de Woody Allen engraçados. Acho a voz de Maria Gadu irritante. Não consegui terminar o segundo livro do Senhor dos Anéis porque achei chato. Perdi o tesão por Johnny Depp depois que ele fez "A fantástica fábrica de chocolates". Imagina aí se essas pessoas e obras tivessem que depender de mim para conseguir alguma coisa!

Até em critérios considerados objetivos as coisas podem ser bem escrotinhas. Quantas pessoas inteligentíssimas, desenroladas, especiais, capazes que eu conheço estão penando amargamente para passar em concurso e ainda não conseguiram? Quem faz concurso sabe que não basta ter estudado; o aspecto sorte conta muitíssimo. Cai justamente aquele assunto que você não estudou, e uma pessoa que talvez tenha acumulado muito menos conteúdo que você, teve a sorte de estudado justamente aquilo e desenrolou.

Às vezes ser bom não é o suficiente. O dia, o lugar, o momento, uma pessoa idiota podem acabar decidindo coisas importantes da sua vida, e muitas vezes você pode acabar se dando mal. No entanto, não deixe de acreditar em suas capacidades! Se você acredita que é bom e se esforça pra isso, o negócio é tentar, tentar e tentar. Sabe aquele artigo que falei? Acabei tirando 10,0 na disciplina e ele foi aceito numa revista científica conceituada, e ainda com elogios! Aquela galera do Congresso não sabia era de nada.




sexta-feira, 9 de maio de 2014
16:08 1

Constrangimentos do patriarcado

É bem verdade que os impactos do patriarcado divergem consideravelmente dependendo do lugar, da classe social e de outros fatores como raça, religião etc. No entanto, ainda que você viva no ambiente mais bacana, tolerante e respeitoso para o seu desenvolvimento pessoal, o mundo sempre faz questão de lhe mostrar que o espectro do patriarcado ainda ronda; e é constrangedor.

1. A rainha do lar

Não basta ser charmosa, culta, inteligente, estudante e profissional exemplar. Para mostrar o seu valor, e ganhar o título de "mulher completa", você ainda tem que mostrar que é uma cozinheira de mão cheia, tem que lavar pratos como se fosse uma das coisas mais gostosas do mundo, tem que varrer o chão com a maior desenvoltura e servir de garçonete nos eventos sociais enquanto os membros do sexo masculino jogam baralho e bebem whisky - ainda que você seja visita naquele evento, e eles estejam na própria casa.

Essa avaliação geralmente é feita por tios/tias, sogros/sogras, ou por gente amiga dos seus pais, que irão investigar se você teve uma boa "criação". No momento que você for fazer alguma tarefa doméstica, algumas olhadelas de avaliação serão jogadas para medir o seu estado de felicidade e boa vontade - para saber se você mostra que nasceu pra fazer aquilo mesmo, e é uma mulher solícita e maternal; e, agilidade e habilidade - tem que descascar um alho num piscar de olhos, varrer a casa que nem uma bailarina, cortar cebola com destreza e rapidez.

E parece que é nesses momentos de avaliação que dá um ziricutrico e você quebra um copo lavando a louça, erra no tempero da comida e derruba uma criança no chão. Aí, é o fim, minha gente, sua reputação de boa mulher irá por água abaixo.

Ou, ainda, caso você faça corpo mole para fazer alguma dessas atividades: caras de reprovação, rabissacas, "tsc tsc, essas mulheres de hoje em dia...". O seu irmãozinho, priminho ou coleguinha toma a mesma atitude, e "ah, não é coisa de homem mesmo".

Ia ser tão bacana se todo mundo pudesse ajudar nesses coisas chatas da vida, né? No entanto, se o chuveiro quebra, cadê o "homem da casa" pra consertar? Parece que os homens de hoje em dia não estão muito desenrolados pra resolver problemas em aparelhos eletrônicos, instalação elétrica, que nem aqueles homens de antigamente. O passado é passado para os homens; já as mulheres, além de terem que dar conta das atribuições do presente, também têm que manter os vínculos com o passado.

2. A casamenteira

Se você já está há algum tempo em um relacionamento, vão jurar que você já deve estar forçando a barra para engatar um casamento, mesmo que você não se importe com isso e viva recebendo declarações e propostas do seu companheiro. O casamento é visto como um ardil feminino, uma manipulação maquiavélica feita pelas mulheres que inebria os homens a ponto de fazer com que eles aceitem benevolentemente largar sua vida de liberdade e júbilo. Vão dizer na sua cara que você, pobre moça, deve estar muito infeliz, porque ainda não teve sua plenitude alcançada por meio do contrato de casamento. Vão, de brincadeirinha, solicitar ao seu companheiro que, num ato de compaixão em relação a tamanha vida miserável, resolva ensandecidamente abdicar de seus privilégios para dar sentido e satisfação à sua vida.

3. A interesseira

"Mulher não precisa estudar, basta encontrar um homem rico para casar". Bacana demais viver da riqueza dos outros, né? Incrível que gente desinteressante tem sempre essa teoria espertíssima e divertidíssima para soltar por aí. Falam que mulher só pensa em dinheiro. Bem, meu querido, se você não possui nenhuma destas características, tais como: beleza, charme, inteligência, bom papo, bom gosto, bom humor, bom caráter, infelizmente só o que lhe sobra é começar a ganhar dinheiro para atrair gente interesseira. Pessoas legais não têm interesse em gente tão desprovida. A dica é comprar o carro da moda, andar com roupas de marca caras (e que mostrem esse atributo para o público), frequentar lugares "VIPs" e a isca estará perfeita. 

4. A descartável

Quem nunca ouviu que mulher depois dos 25 anos "passa do ponto"? Infelizmente já tive oportunidade de escutar isso mais de uma vez. Ou, "se minha mulher não emagrecer logo depois de ter filho, eu a largarei". Já escutei essa também algumas vezes. Bacana saber que depois dos 25 anos, eu viro um lixo humano até o momento da minha morte.

Existe um ódio generalizado de mulheres gordas e/ou velhas. Basta lembrar o quanto Marília Gabriela foi esculachada na época que namorava com Reynaldo Gianecchini e como as pessoas têm uma implicância absurda, e sem um fundamento preciso, com Preta Gil. Ficando velha e/ou gorda, a gente tem que passar a vida se conformando às expectativas alheias, de ser mãe, mulher casada (com homem mais velho, claro), discreta e doce.

Solução para não ter estresse: morra, antes de envelhecer. Sugeriria os 27 anos, porque aí você se junta ao hall da fama, junto com Janis Joplin, Kurt Cobain e Amy Winehouse.